- amo medicina
- Posts
- As Linhas Tortas de Deus e os hospitais psiquiátricos da vida real
As Linhas Tortas de Deus e os hospitais psiquiátricos da vida real
As Linhas Tortas de Deus e os hospitais psiquiátricos da vida real 🏥
amo dica
“As Linhas Tortas de Deus” é um filme disponível na Netflix que está dando o que falar! O filme foi inspirado no livro Los Renglones Torcidos de Dios, lançado em 1979 pelo jornalista espanhol Torcuato Luca de Tena. E a gente indica muito o longa de 2h35.
Essa obra (que tem um final desses ou daqueles) é extremamente provocante e vai te fazer pensar sobre a questão dos hospitais psiquiátricos e os cuidados à saúde mental. O que mudou? O que permanece a mesma coisa? Vem com a gente saber mais (prometo que não vai ter spoiler)!
Os “manicômios” 🤪
O filme retrata uma fase triste da psiquiatria. Na década de 1970, os transtornos da mente ainda eram tratados de maneira bastante excludente e cruel. Na época, somado à então escassez de recursos que a psiquiatria tinha, havia grande preconceito por parte da sociedade em relação aos pacientes.
Muitas vezes, os transtornos mentais eram associados a “desvios de caráter” ou até mesmo “ataques espirituais”, fazendo com que o prognóstico dos pacientes fosse quase sempre bastante reservado. Dessa forma, os hospitais psiquiátricos eram locais nos quais a “escória” da sociedade ficava em condições precárias, com pouca ou nenhuma assistência.
Cidade dos loucos 🏙️
Quem nunca ouviu falar do Manicômio de Barbacena? O município mineiro, que ficou conhecido como a “cidade dos loucos”, abrigou um dos mais tristes episódios da psiquiatria. Com a morte de mais de 60 mil pessoas no local, o “hospital” criado em 1903 foi taxado como campo de concentração nazista pelo psiquiatra italiano Franco Basaglia.
Em geral, além de pacientes com transtornos mentais, o Manicômio de Barbacena tinha como alvo indivíduos que desviavam dos padrões desejados pela sociedade da época, como prisioneiros políticos, homossexuais, indigentes, prostitutas, pobres e minorias étnicas, sendo que quase 70% dos pacientes não apresentavam problemas psiquiátricos de verdade.
A evolução da psiquiatria 🧠
Hoje em dia, com as descobertas científicas de áreas como a psicofarmacologia, psiquiatria, neurociências e psicologia, pode-se oferecer um tratamento bem mais eficaz e humano aos pacientes com transtornos da mente.
Além disso, apesar do tabu que ainda paira sobre o assunto, hoje cada vez mais campanhas são feitas em prol da melhora da saúde mental da sociedade. Por exemplo, o Setembro Amarelo tem o intuito de trazer à tona a triste realidade dos suicídios e, assim, conscientizar a população sobre os cuidados psíquicos disponíveis.
Luta antimanicomial 🥊
O Movimento da Luta Antimanicomial se caracteriza pela luta pelos direitos das pessoas com sofrimento mental. Essa reação da comunidade de profissionais da saúde mental iniciou aqui no Brasil em 1987. Sendo assim, pretende-se tirar o estigma criado ao longo de anos sobre os transtornos da mente e acolher aqueles que precisam de ajuda.
De fato, hoje não se vê “manicômios” como antigamente (graças a Deus), mas não se pode negar a importância de um serviço especializado em atender urgências e emergências psiquiátricas. Uma das soluções propostas para a escassez desses postos de atendimento, é a abertura de leitos de psiquiatria em hospitais gerais. Embora esteja prevista em Lei, tal prática é ainda pouco aplicada aqui no Brasil.
Dicas de filmes 🎬
Assim como “As Linhas Tortas de Deus”, há outras obras gabaritadas que te farão refletir sobre as evoluções da psiquiatria de algumas décadas pra cá!
“Bicho de Sete Cabeças” é um drama brasileiro que estreou no ano 2000. Ele mostra o dilema de Neto, personagem interpretado por Rodrigo Santoro, que enfrenta abusos durante uma internação em um hospital psiquiátrico após seu pai descobrir um cigarro de maconha em seu casaco.
História parecida passou Paulo Coelho, best-seller literário brasileiro e membro da Academia Brasileira de Letras que, na sua adolescência, ficou em reclusão em um hospital psiquiátrico do Rio Janeiro. No filme “Não Pare na Pista”, você pode conferir essa e outras presepadas da vida do “mago”.
Reply