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saúde mental na medicina: quem cuida se cuida?
sexta-feira (11/11/2022), viralizou um vídeo de uma discussão entre acadêmicas de medicina por conta de um lugar na sala de aula.
tudo isso nos leva a pensar: quem cuida se cuida?

ou melhor: nós médicos ou estudantes de medicina cuidamos da nossa própria saúde mental?
vamos aproveitar a situação para trazer alguns pontos que achamos importantes sobre o bem-estar mental dos médicos…
causa e consequência…🔎
ok, ok, não podemos negar que, no vídeo que viralizou, as acadêmicas erram... não há motivo (salvo raras exceções) para discutir em uma sala de aula, muito menos por um lugar para se sentar!

no entanto, será que a discussão delas é reflexo de um sistema que não prioriza a saúde mental na medicina? ou a culpa é só uma questão vocacional das alunas? é interessante, ao nosso ver, aprofundar um pouco mais, tentar sair da superfície.
porque, afinal, a discussão que viralizou é só o reflexo de algo muito maior. você sabe muito bem que não podemos tratar a consequência, mas sim a causa dos problemas de saúde. então, para isso, vamos falar sobre alguns pontos que julgamos prejudiciais à saúde mental do estudante de medicina.
de fato, se nada é feito a respeito, a falta de cuidado com a saúde mental afeta não só a vida acadêmica, mas toda a carreira médica.
5 pontos de alerta ⚠️
a rotina do profissional de saúde é altamente estressante. o médico, como líder das equipes de assistência, sofre ainda mais com isso.
nesse sentido, vamos ver alguns 5 pontos que, desde a faculdade, podem atrapalhar a saúde mental na medicina:
1) pressão 😟
o acadêmico já é, desde o ciclo básico, muito exigido. no ciclo clínico, a pressão aumenta: é preciso não só fazer uma boa anamnese e exame físico. é “necessário” decorar epônimos que até mesmo alguns especialistas experientes se esquecem.
no internato, é preciso passar casos clínicos com histórias fragmentadas, incompletas e bastante complexas - sem contar as horas e horas de trabalho de secretariado. isso quando muitas vezes não cai sobre as costas do acadêmico uma responsabilidade que não é dele.
uma hora essa panela de pressão explode, seja na faculdade, seja na vida como médico, não acha?!
2) competição 🥊
a faculdade de medicina às vezes mais lembra um octógono de MMA que um ambiente acadêmico. todos querem:
o melhor coeficiente de rendimento;
passar em 1º lugar na liga;
conseguir orientador para bolsa de iniciação científica, etc.
e claro: ninguém quer ser humilhado!
isso cria um clima de rixa entre os estudantes que é ruim não só para a saúde mental deles. pouco a pouco essa competição constante pode trazer a atenção dos acadêmicos mais para si do que para os pacientes e é óbvio que nosso foco como médicos deve ser sempre a saúde dos pacientes!
3) altas cargas horárias 🕐
o residente possui uma carga horária máxima legal de 60 horas semanais, bem como direito ao descanso de, no mínimo, 6 horas, após plantão de 12 horas.
nesse sentido, a jornada semanal de prática no internato não pode ultrapassar o limite de 40 horas semanais. isso segundo os termos da Lei Federal nº 11.788, de 25 de setembro de 2008, que é a Lei do Estágio.
acontece que várias vezes isso “passa batido” e o interno fica muito sobrecarregado. esse peso aumenta o estresse e tira a paz do estudante, que faz malabarismo para conciliar a rotina do internato com estudos e outras atividades.
4) repetição do ciclo 🔃
“Você não sabe o quanto eu caminhei 🎶 pra chegar até aqui!”
esse verso do “Cidade Negra”, é uma fala frequente que sai da boca de médicos, residentes e preceptores. ela pode ser um problema quando vira um argumento para repetir situações negativas sofridas ao longo da formação.
o oprimido de hoje não precisa ser o opressor de amanhã. quem sofre qualquer tipo de violência deve buscar interromper o ciclo. por isso, vale a pena zelar pela saúde mental na medicina.
5) pouca rede de apoio 🤝
ainda são poucas as faculdades que oferecem apoio psicológico aos alunos de medicina. alguns cursos até tem ligas de saúde mental ou terapias voltadas aos estudantes, mas com pouca adesão dos alunos.
em primeiro lugar, é importante conscientizar os estudantes para que eles cuidem da própria saúde mental. dessa forma, eles estarão muito melhor para exercerem sua profissão com excelência.
prevenir, não remediar 🛑
transtornos mentais nos estudantes de medicina e médicos são, infelizmente, comuns. muitas vezes, esses casos são subdiagnosticados.
o que fazer para atuar de forma eficaz diante de tal questão?
cuidar desde sempre
é importante olhar para a saúde mental desde o início, lá no primeiro período da faculdade de medicina. assim teremos uma geração de médicos que sabe valorizar a saúde mental dos pacientes e promover saúde de maneira muito mais completa!
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