na news de hoje:

👜 carreira

Medicina: chamado ou profissão?

por Dr. João Carvalho e amo medicina

Você entrou na faculdade convencido de que “nasceu para salvar vidas”, mas quantas vezes esse mantra balançou nos plantões de 24 h, nas metas de produtividade do convênio ou na avalanche de burocracia do e‑mail hospitalar? 

A ideia de que medicina é vocação continua forte — 90% dos médicos diziam senti‑la no início da carreira, segundo pesquisa  — mas a chama se apaga em metade deles ao longo do tempo. Entre quem está chegando agora, o romantismo é ainda menor: só 51% da geração Z e 50% dos millennials declaram que a medicina é um “chamado”, contra 67% da geração X e 76% dos baby boomers.

Por quê?  A pesquisa revela que três em cada quatro estudantes escolheram o jaleco para “ajudar a humanidade”; pouco mais da metade busca desafio intelectual; apenas 20% colocam remuneração no topo da lista. O problema é que propósito sozinho não paga conta, não evita sobrecarga nem protege do burnout. Resultado: quem cresceu ouvindo sobre equilíbrio entre vida pessoal e carreira recusa o roteiro de sacrifício infinito — e está tudo bem.

Recuperar o sentido, porém, não é nostalgia barata. Estudos de satisfação profissional mostram que momentos de atenção plena ao paciente (o famoso “olho no olho” do consultório) são também os que mais reabastecem energia mental. Cultivar esses instantes, estabelecer limites de jornada, buscar mentoria e dividir tarefas como telemedicina ou pesquisa podem devolver à prática diária o brilho que fez você assinar o juramento.

Vale um auto‑check rápido: quando foi a última vez que você lembrou por que escolheu medicina? Se faz tempo, agende esse encontro consigo mesmo tão religiosamente quanto uma reunião de caso ou revisão de protocolo. Propósito não é perfume de planta exótica; é músculo — precisa ser exercitado para não atrofiar. Afinal, a medicina pode continuar sendo vocação, profissão ou, com um pouco de cuidado, as duas coisas ao mesmo tempo.

🩺 especialidade destaque de hoje

Cuidados em geriatria: o desafio e a riqueza de cuidar de quem vive mais

A geriatria se apresenta como uma especialidade cada vez mais central no cenário da saúde brasileira. Projeções do IBGE indicam que, em 2022, 22 milhões de pessoas tinham 65 anos ou mais, o que já representa 10,9 % da população, e esse número cresceu impressionantes 57,4 % desde 2010. Até 2025, o Brasil deve figurar entre os seis países com maior contingente de idosos, ultrapassando 31 milhões de pessoas com mais de 60  anos. A projeção é que, em 2030, o número de idosos no Brasil supere o de crianças e adolescentes.

Esse envelhecimento acelerado da pirâmide populacional impõe inevitavelmente um aumento na prevalência de doenças crônicas como hipertensão, diabetes, doenças neurodegenerativas e oncológicas. Além disso, observamos um crescimento exponencial na demanda por exames médicos a partir dos 50 anos, com destaque para os de monitorização da pressão arterial, que subiram 117 % entre 2016 e 2023 na saúde suplementar.

E o mais impressionante: há apenas 3.167 geriatras em nosso país, segundo a Demografia Médica de 2025!

Mas a geriatria vai além da medicalização: é extremamente necessário considerar aspectos como fragilidade, mobilidade, suporte social, autonomia e diretivas antecipadas de vontade. Pesquisas mostram que apenas 20% dos pacientes conhecem essa ferramenta — e uma grande maioria prefere morrer em casa, com cuidados paliativos confortáveis, ao invés de permanecer internada em ambiente hospitalar.

Enquanto isso, centros de excelência vêm implementando modelos inovadores de cuidado transicional e telereabilitação, utilizando inteligência artificial e sistemas digitais para facilitar a passagem do hospital para o domicílio e reduzir as readmissões. O uso de medicamentos biológicos no combate a doenças como Alzheimer em idosos predispostos geneticamente é uma promessa para os próximos anos.

Para o estudante de medicina e o recém-formado, a virtude da geriatria não está apenas no diagnóstico e prescrição, mas no olhar integral. Significa compreender que tratar um idoso envolve valorizar sua história de vida, avaliar risco funcional, possibilitar autonomia — e, ao final, garantir dignidade.

🔎 med escolha

já parou pra imaginar como será o seu dia a dia ao fazer a escolha errada da sua especialidade?

essa difícil decisão muitas vezes pode ser enviesada por parentes, amigos ou baseada em incertezas e pouca informação. o fato é que quanto a rotina de trabalho bate à porta, o peso de ter feito uma escolha sem segurança impacta no desempenho e satisfação dos profissionais de medicina.

foi pensando na realidade de médicos recém formados e estudantes de medicina, que cobram por respostas, mas não conseguem ter certeza na decisão da especialidade médica, que o med escolha foi criado

💡 dicas do amo

• 📚 livro da semana: “O Cérebro Autista” – Temple Grandin e Richard Panek

• 🍿 filme da semana: “Mickey 17”

• 🎬️ série da semana: “Lenox Hill” – Netflix

• 💡 produto da semana: Estojo Protetor para Estetoscópio

📰 rapidinhas

📰análise internacional. estudo revê relação entre solidão e aumento da mortalidade em idosos.

💊 elevydis. remédio de R$ 14 milhões tem eficácia questionada e parecer contrário para uso no SUS.

🚬 saúde pública. cada vez mais adolescentes usam o cigarro eletrônico, revela pesquisa.

🇧🇷 notícia do brasil

Brasil quer se consolidar como polo de vacinas com RNA mensageiro

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse na terça-feira (17) que o Brasil quer se consolidar como um dos polos de produção de vacinas da plataforma de RNA mensageiro (mRNA). Ele destacou o fortalecimento de parcerias com a Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto Butantan para o desenvolvimento dessa tecnologia. Segundo o ministro, o Brasil também mantém parcerias estratégicas com países do Brics para a produção de vacinas de mRNA.

Durante a coletiva de imprensa em razão da 15ª Reunião de Ministros da Saúde do Brics, Padilha disse que durante a visita do presidente Lula à China, firmaram uma parceria estratégica com empresas produtoras de vacinas.

O Ministério da Saúde explica que as vacinas com mRNA funcionam de forma inovadora, ensinando as células do corpo a produzir uma proteína específica que desencadeia uma resposta imunológica. Após a resposta, o corpo elimina o mRNA e, de acordo com a pasta, nenhum componente da vacina permanece no organismo a longo prazo.

🌍 notícia do mundo

Homem recebe transplante duplo de mãos após 17 anos

Krizanac perdeu partes dos braços e das pernas aos 12 anos, depois que uma infecção mal tratada levou a um quadro de sepse e complicações graves que exigiram amputação. No final do ano passado, quase 17 anos depois, ele recebeu um transplante duplo de mãos no Penn Medicine, na Filadélfia (EUA).

Ele e a família perseguiram o transplante de mãos durante anos, mas inúmeros obstáculos atrasaram o processo. Foi ao encontrar o Dr. L. Scott Levin, na Suíça, em 2018, que as coisas começaram a acontecer. Mais de 20 pessoas participaram da cirurgia de Krizanac, que durou cerca de 12 horas e foi precedida por anos de preparo. Em geral, a preparação de um transplante duplo de mãos leva cerca de dois anos, caso não haja outras complicações.

Krizanac se mudou para a Filadélfia aguardando um doador compatível, que veio cerca de dois meses depois - o mesmo tom de pele, o tamanho e o gênero certos - um conjunto de fatores que tornam o processo de combinação mais complexo do que em outros tipos de transplante.

⚠️ Transplantes de mãos são raros: apenas 148 haviam sido realizados em todo o mundo até meados de 2023 e nem todos eram transplantes duplos.

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